domingo, 4 de outubro de 2009

Análise - Os estrangeiros no Brasil

O poeta gostava de ridicularizar os estrangeiros no nordeste. Os dois grupos mais escolhidos para a brincadeira eram os ingleses e os portugueses. Aqueles eram os responsáveis pela construção e a manutenção da primeira estrada de ferro ligando o Recife às outras cidades do interior pernambucano, simbolizando o capital estrangeiro. É com relação ao tem que Leandro critica o inglês porque ele, como poeta e vendedor de folhetos, viajava muito pelo interior para vender seus versos. Os imigrantes portugueses, no geral pequenos comerciantes, eram uma fonte de piadas para os brasileiros, por sua fala e modos de negociar.
Descrevendo o viajar na Great Western em 1906, Leandro lamenta a quantidade de condutores nos trens, e as reformas que faziam na cobrança das passagens:

Alerta rapaziada
Da margem da Great Western,
O inglês fez uma coisa;
Acho que queria Deus preste!
Botou coletor nos trens
Matou morcego por peste
Eu nunca vi esta estrada
Como agora desta vez,
Outrora tinha um fiscal,
Agora tem dois ou três.
Não viaja mais no mole,
Nem mesmo a mãe do inglês.
Se o papa chegar aqui
Tem que comprar a passagem,
Santidade é uma coisa
Que não val nada em viagem
Se não comprar o bilhete
Só vai se for na bagagem....
A gramática incorreta, pronomes e verbos trocados, era o métiodo de ridicularizar a fala atrapalhada dos empregados ingleses. Exagera o rigor de cobrar a passagem, de não deixar os morcegos (passageiros clandestinos), nem mesmo o Papa, viajar. Veja o último verso abaixo, onde explica-se porque o trem era qualquer outra coisa, menos um favor para os brasileiros.
... E se alguém for se queixar
Diz-lhe o inglês: o senhor
Deve agradecer a mim
Ter trem seja como for,
Mim bota trem em Brasil
Para fazer-lhe favor.
Postado por Marlene Herrera

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