domingo, 4 de outubro de 2009

Análise - O Governo, a política e a guerra

O povo do nordeste sofria de toda espécie de misérias, os efeitos das secas, os impostos e o alto custo da vida, a falta de justiça devido à corrupção na política regional. Sobre a Primeira Guerra Mundial, o tema de maior preocupação era o sorteio militar.
A divisão de impostos devidos ao governo estadual e à prefeitura, e a desigualdade de recursos entre os estados prósperos e o nordeste são apresentados primeiro em "Dez-réis do Governo", e depois em forma metafórica, veja abixo no poema de Leando, "Panelas que muitos mexem":

O mundo vai tão errado
E a cousa vai tão feia
A garantia do pobre
É pontapé e cadeia,
As creanças já não sabem
O que é barriga cheia.
A semana tem seis dias
Quem quiser andar direito
Há de dar dous ao estado
E douis e meio ao prefeito,
E não há de se queixar
Nem ficar mal satisfeito
O Brasil hoje que está
Figurando uma panela
A política, cozinheira
Está tocando fogo nela
mas tem mil mortos a fome
Por ali a redor dela
Foi mesmo como política
Desse governo atual;
O brasil é a panela,
O estado bota sal,
O município tempera,
Quem come é o federal...
Ciúmes políticos, cobiça na parte dos estados mais desenvolvidos e a miséria do povo são os aspectos predominantes do poema.
O poeta considera-se campeão dos interesses do povo, e ele vai defender o pobre contra qualquer coisa que lhe pareça prejudicial.
Na próxima semana continuarei com as análise.
Postado por Marlene Herrera

Análise - Os estrangeiros no Brasil

O poeta gostava de ridicularizar os estrangeiros no nordeste. Os dois grupos mais escolhidos para a brincadeira eram os ingleses e os portugueses. Aqueles eram os responsáveis pela construção e a manutenção da primeira estrada de ferro ligando o Recife às outras cidades do interior pernambucano, simbolizando o capital estrangeiro. É com relação ao tem que Leandro critica o inglês porque ele, como poeta e vendedor de folhetos, viajava muito pelo interior para vender seus versos. Os imigrantes portugueses, no geral pequenos comerciantes, eram uma fonte de piadas para os brasileiros, por sua fala e modos de negociar.
Descrevendo o viajar na Great Western em 1906, Leandro lamenta a quantidade de condutores nos trens, e as reformas que faziam na cobrança das passagens:

Alerta rapaziada
Da margem da Great Western,
O inglês fez uma coisa;
Acho que queria Deus preste!
Botou coletor nos trens
Matou morcego por peste
Eu nunca vi esta estrada
Como agora desta vez,
Outrora tinha um fiscal,
Agora tem dois ou três.
Não viaja mais no mole,
Nem mesmo a mãe do inglês.
Se o papa chegar aqui
Tem que comprar a passagem,
Santidade é uma coisa
Que não val nada em viagem
Se não comprar o bilhete
Só vai se for na bagagem....
A gramática incorreta, pronomes e verbos trocados, era o métiodo de ridicularizar a fala atrapalhada dos empregados ingleses. Exagera o rigor de cobrar a passagem, de não deixar os morcegos (passageiros clandestinos), nem mesmo o Papa, viajar. Veja o último verso abaixo, onde explica-se porque o trem era qualquer outra coisa, menos um favor para os brasileiros.
... E se alguém for se queixar
Diz-lhe o inglês: o senhor
Deve agradecer a mim
Ter trem seja como for,
Mim bota trem em Brasil
Para fazer-lhe favor.
Postado por Marlene Herrera

Análise de alguns temas da Poesia crítica de Leandro

Leando possui mutios temas dedicados ao cordel. Vou citar alguns e a análise de alguns. Os ciclos diferentes na obra são o humor e a filosofia do nordeste:
1. Os tempos difíceis
2. Os estrangeiros no Brasil
3. O governo, a política e a guerra
4. A mulher, o casamento e a sogra
5. O jogo do bicho
6. A religião
7. A cachaça e a aguardente
8. O cangaço e Antonio Silvino

Análise - Tempos difíceis
è um tema constante em sua literatura. Neste ciclo da poesia popular, é expressa, por meio de seu comentarista o poeta, a ansiedade sentida pelo povo ante as dificuldades da vida. Não há um limite temático, mas sim um apreocupação da moralidade da época. É assim que Leandro se queixava da miséria, da carestia na vida, da opressão, mas especialmente da falta de moral.
Leandro empregava uma técnica de surpresa ante as mudanças de sua época.
Um exemplo da poseia de Gomes é esta seleção do folheto "O Mundo às Avessas", onde diz o poeta que o mundo era bom, mas agora já não é mais. Há doença e morte por toda parte:

Tudo hoje me faz crer
Que este mundo está mudado,
Porque têm se dado cousas
De que fico admirado.
Um dia deste um fical,
Queixou-se que foi multado.
Postado por Marlene Herrera

Leandro Gomes de Barros - Um poeta satírico

Poeta popular do nordeste, foi um dos primeiros a escrever e imprimir folhetos que incluíam o melhor da tradição oral. Ao longo de sua carreira poética escreveu cerca de mil folhetos diferentes, com dez mil reedições.
Nascido no município de Pombal, estado da Paraíba, em 1868, morou em Teixeira até a idade de 15 anos.
Vivia somente de sua poesia e da publicação da sua obra e de outros poetas. Testemunha este fato a seguinte estrofe de um folheto publicado em 1907:

Leitores peço desculpa
Se a obra não for de agrado
Sou um poeta sem força
O tempo tem me estragado
Escrevo há 18 anos
Tenho razão de estar cansado.

O poeta também é conhecido por seu gosto pela cachaça, que a inspirava para escrever.
"Leando Gomes entregava-se ao vício do álcool, e dizem que, quanto mais embriagado estava, mais inspirado ficava, brotando-lhe os versos com espantosa fluência", disse um estudioso.
Postado por Marlene Herrera.

domingo, 20 de setembro de 2009

LITERATURA DE CORDEL


Segundo a Wikipédia, a literatura de cordel é um dos vários gêneros da nossa literatura e é formada por poesia popular, rimada, com narrativa métrica e ilustrada com xilogravuras, trazendo figuras um tanto quanto simples, bem rústicas.

Ela era declamada e posteriormente passou a ser impressa em livretos bem rústicos, com papel de baixa qualidade e desta forma, poderia ser mais facilmente consumida, comprada por um custo final acessível.

A Literatura de Cordel teve início com o romanceiro luso-espanhol da Idade Média e veio de Portugal desde o início da colonização e por lá, os livretos eram expostos pendurados em barbantes, dando origem ao nome.

Na metade do século XIX começaram as impressões dos cordéis brasileiros na Bahia, com características próprias e os temas incluíam fatos do cotidiano, fatos históricos, nosso folclore e lendas, temas religiosos, entre outros, onde qualquer assunto pode virar cordel nas mãos dos poetas mais competentes.

Herdamos o nome, porém, com o tempo passou a ser conhecida como “folheto” e a tradição do barbante também não perpetuou e hoje os cordéis são expostos das mais variadas formas possíveis, em bancas e bancadas, por exemplo.

No cordel, as estrofes mais comuns são as de dez, oito ou seis versos e os seus autores, chamados de cordelistas, quando recitam esses versos, o fazem de forma melodiosa e cadenciada, acompanhados normalmente de uma viola e fazem as leituras ou declamações muito animadas, tentando conquistar os possíveis compradores.

No Brasil, a Literatura de Cordel se enraizou no Nordeste, principalmente nos Estados de Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará e costumam ser comercializados em feiras livres e mercados populares pelo seus próprios autores.

O Cordel migrou e chegou ao Sudeste e são encontrados em Feiras Culturais, Casas de Cultura, Livrarias e em apresentações especiais dos cordelistas, em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.

Os principais poetas do passado foram Leandro Gomes de Barros (1865-1918) e João Martins de Athayde (1880-1959) e as façanhas do cangaceiro Lampião e o suicídio de Getúlio Vargas são alguns dos assuntos que tiveram maior tiragem no passado.

O cordel apresenta aspectos interessantes;

- as suas gravuras, chamadas xilogravuras, representam um importante espólio do imaginário popular;
- pelo fato de funcionar como divulgadora da arte do cotidiano, das tradições populares e dos autores locais, a literatura de cordel é de inestimável importância na manutenção das identidades locais e das tradições literárias regionais, contribuindo para a perpetuação do folclore nacional;
- pelo fato de poderem ser lidas em sessões públicas e de atingirem um número elevado de exemplares distribuídos, ajudam na disseminação de hábitos de leitura e lutam contra o analfabetismo;
- a tipologia de assuntos que cobrem, crítica social e política e textos de opinião, elevam a literatura de cordel ao estandarte de obras de teor didático e educativo.

Postado por João E. Pereira em 20/09/09

ACADEMIA BRASILEIRA DE LITERATURA DE CORDEL


A Academia Brasileira de Literatura de Cordel é a entidade literária máxima a reunir no Brasil, os expoentes deste gênero literário típico da Região Nordeste do país.

Com sede no Rio de Janeiro, à Rua Leopoldo Fróes, 37, no bairro de Santa Tereza, foi funda em 7 de Setembro de 1988 e conta com um acervo de mais de 13 mil títulos e com o apoio da Federação das Academias de Letras no Brasil, possibilitou a aquisição de sede própria.
Contato: http://www.ablc.com.br - contato@ablc.com.br - Fone: 55 21 2232-4801

Presidente - Gonçalo Ferreira da Silva
Vice-Pesidente - Messody Benoliel
Secretária - Maria Luiza
Tesoureira - Wanda Brauer
Diretor Jurídico - Agenor Ribeiro
Diretor Cultural - Marcus Lucenna
Assessores do Presidente - Francisco Paulino Campelo - Marlos de Herval Lima da Silva - Guaipuan Vieira

A Academia é constituída por quarenta cadeiras, cada uma delas, sob um patrono e tem como finalidade principal, discutir os assuntos ligados à Literatura de Cordel, disseminando o gênero e seus autores, contribuindo significativamente com a cultura popular, servindo de apoio central de divulgação desta forma de expressão para todo o Brasil e para o mundo, divulgando e realizando palestras, sarais, eventos culturais, entre muitas outras realizações.
Cadeira - Patrono - Ocupante

1 - Leandro Gomes de Barros - cadeira vaga
2 - José Pedro de Barros - cadeira vaga
3 - Firmino Teixeira do Amaral - Gonçalo Ferreira da Silva
4 - Apolônio Alves dos Santos - Moreira de Acopiara
5 - José Camelo -
João José dos Santos
6 - Guerra Vascurado - Sepalo Campelo
7 - João Martins de Athayde - Marcus Lucenna
8 - Sebastião Nunes Batista - Abelardo Nunez
9 - Luiz da Costa Pinheiro - Olegário Alfredo
10 - Catulo Cearense - cadeira vaga
11 - José Pacheco - Klévisson Viana
12 - Francisco das Chagas Batista - Paulo Nunes Batista
13 - Delarme Monterio Silva - Marco Haurélio
14 - Pacífico Pacato Cordeiro Manso - William J. G. Pinto
15 - Patativa do Assaré - Antonio Fco Teixeira de Melo
16 - Veríssimo de Melo - Adriana Cordeiro Azevedo
17 - Silvino Pirauá - Manoel Santamaria
18 - José Bernardo da Silva - Maria Rosário Pinto
19 - Leonardo Mota Messody - Ramiro Benoliel
20 - Manoel D'Almeida Filho - Glória Fontes Puppin
21 - Joaquim Batista de Sena - Rosah Rosa
22 - Antônio Batista Guedes - Argeu Sebastião da Motta
23 - Capistrano de Abreu - Agenor Ribeiro
24 - Silvio Romero - Heloisa Crespo
25 - Juvenal Galeno - Francisco Silva Nobre
26 - Luis da Câmara Cascudo - Crispiniano Neto
27 - M. Cavalcante Proença - Zayra Coutinho
28 - Caetano Cosme da Silva - cadeira vaga
29 - Manoel Caboclo e Silva - Maria Luiza
30 - José Galdino da Silva Duda - Cícero Pedro de Assis
31 - Umberto Peregrino - Ivamberto Albuquerque Oliveira
32 - José da Luz - Antônio de Araújo (Campinense)
33 - Rodolfo Coelho Cavalcante - Wanda Brauer
34 - Manoel Camilo dos Santos - Luis Nunes Alves (Severino Sertanejo)
35 - José Praxedes - cadeira vaga
36 - Ademar Tavares - Antônio Bispo dos Santos
37 - José Soares - J. Victtor
38 - Manoel Tomaz de Assis - Manoel Monteiro
39 - Sebastião do Nascimento - cadeira vaga
40 - João Mequíades Ferreira - Arievaldo Viana


Fonte: http://www.ablc.com.br
Postado por João E. Pereira em 20/09/09

OBRAS CONSAGRADAS DE CORDEL


A Cabocla Encalhada - Mestre Azulão
A chegada de Lampião no Inferno - José Pacheco da Rocha
A Peleja de Cego Aderaldo e Zé Pretinho - Firmino Teixeira do Amaral
A vida do Padre Cícero - Manoel Monteiro
As receitas do Dr. Prodocopéia" - Jotabarros
Côco Verde e Melancia - José Camelo
Iracema - Alfredo Pessoa de Lima
Os Cabras de Lampião - Manoel D'Almeida Filho
Pavão Misterioso - José Camelo de Melo
Romeu e Julieta - João Martins Athayde
O Soldado Jogador - Leandro Gomes de Barros
Senhor dos Anéis - Gonçalo Ferreira da Silva
Viagem a São Saruê - Manoel Camilo dos Santos

Fonte: http://www.ablc.com.br
Postado por João E. Pereira em 20/09/09